As Belas Mentiras
reginaLU
Revestidas de correção gramatical,
poucos ou nenhum erro, agilidade de
raciocínio, criatividade, chegam embaladas
pela vontade de acatar como preciosidade que
pensa merecer.
Na avalanche de sentimentos, alguém
sente-se único, e, sedento, as sorve como
água abençoada que chega em paisagem
desértica.
Avaliando as "máximas", alguém revê
conceitos.
E no esforço supremo de amar e ser
amada, ressuscita.
Insinuantes, poderosas e
persuasivas, rompem resistências, tanto as
ditadas pelo bom senso, quanto as que
decorrem do medo aprendido com as decepções
da vida.
Alguém poderia argumentar
contrapondo com o livre arbítrio de
envolver-se ou não.
Em resposta digo que as
resistências afetivas são as mais frágeis.
Na verdade, não há mesmo o desejo de
resistir.
Há desejo de entregar-se à
felicidade que, a cada dia parecia mais
impossível e distante.
Essa fragilidade faz com que alguém
se deixe convencer.
Dentre as várias classificações
possíveis, em relação às pessoas,
encontram-se as que plantam o tempo todo e
as que colhem.
Tenho a pretensão de pertencer ao
primeiro, até porque é um grupo menos
concorrido.
E não há como livrar-se da colheita.
É bíblico!
Resta retomar a vida à luz do
exemplo das ondas do mar.
Avançando e voltando teimosa e
repetidamente.
Acumulando da praia as areias e do
fundo as pequenas vidas embutidas.
Ou como a primavera que nunca falha
em voltar depois do gelo.
Bom que não há mais medo.
Deixo de temer, tento compreender,
as belas mentiras.
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