Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu em Portugal no dia 09 de fevereiro de 1909 e sua família mudou para o Brasil antes mesmo que ela completasse um ano de idade. Muito cedo começou a trabalhar vendendo gravatas, depois como balconista de uma loja onde aprendeu a modelar chapéus e os seus futuros adornos de cabeça.  
Sua influência, após tantos anos, ainda se faz presente, mesmo que as pessoas a sigam sem saber. A Pequena Notável para os brasileiros, The Brazilian Bombshell para os americanos, fez moda com seus turbantes, sapatos de plataforma, os balangandãs, tudo muito imitado  por quem sequer a conheceu.
Descoberta pelo compositor e violonista baiano  Josué de Barros, Carmen Miranda gravou três discos, sem grande repercussão, até atingir o sucesso total com a música de Joubert de Carvalho, Pra Você Gostar de Mim, que passou a ser conhecida como Taí. Lançado em janeiro de 1930, esse disco bateu todos os recordes da época, vendendo 35.000 exemplares em um mês .
Depois disso, nunca mais Carmen Miranda deixou de brilhar, fazendo sucesso no Brasil,  Argentina e Uruguai.
Os americanos  Tyrone Power e Sonja Henie viram Carmen no Cassino da Urca  e  recomendaram ao empresário Lee Schubert que a contratou para um musical em plena Broadwary. Não demorou para cair no gosto dos americanos com sua exuberância, vestes exóticas e modo peculiar de cantar cheia de expressões com os olhos, mãos e quadris.
Em uma de suas visitas ao Brasil, foi duramente criticada por considerarem que voltou muito americanizada e ela sofreu com a injustiça. Na verdade, dentro de sua ingenuidade, apresentara-se à "alta sociedade carioca", cantando uma das músicas em inglês o que lhe valeu uma espécie de vaia. No dia seguinte, magoada, a Pequena Notável encomendou aos compositores Vicente Paiva e Luiz Peixoto o samba "Disseram Que Voltei Americanizada", que resultou em um verdadeiro auto-retrato da cantora (segue letra da música):

Disseram Que Eu Voltei Americanizada

Composição: (Luis Peixoto e Vicente Paiva)

Disseram que eu voltei americanizada
Com o burro do dinheiro
Que estou muito rica
Que não suporto mais o breque do pandeiro
E fico arrepiada ouvindo uma cuíca
E disseram que com as mãos
Estou preocupada
E corre por aí
Que eu sei certo zum zum
Que já não tenho molho, ritmo, nem nada
E dos balangandans já não existe mais nenhum
Mas pra cima de mim, pra que tanto veneno
Eu posso lá ficar americanizada
Eu que nasci com o samba e vivo no sereno
Topando a noite inteira a velha batucada
Nas rodas de malandro minhas preferidas
Eu digo mesmo eu te amo, e nunca I love you
Enquanto houver Brasil
Na hora da comida
Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu

Envolvida na correria do sucesso, sucumbira ao álcool, soporíferos e anfetaminas: eram pílulas para dormir, pílulas para manter acordada e em forma para os shows até alta madrugada e uísque para tolerar a festas e homenagens incessantes. Em decorrência, acabou internada em um sanatório de Palm Springs, chegando a fazer diversos tratamentos de choques elétricos — em moda, na ocasião e, hoje, condenados pela maioria dos psiquiatras. Sua irmã Aurora embarcou para Los Angeles e trouxe Carmen para o Brasil. Logo ao pisar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo no dia 3 de dezembro de 1954 Carmen começou a perder o complexo de que os brasileiros não gostavam mais dela. Voltando aos EUA, recomeçou as apresentações, mesmo sem estar totalmente recuperada.

O casamento com David Sebastian é apontado pelos biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como a principal razão do começo de sua decadência física. Dave, seria um fracassado empregado de uma produtora de cinema, que se investiu na posição de "empresário" de Carmen, e teria sido responsável por uma série de negócios mal conduzidos. O casamento entrara em crise já nos primeiros meses, mas Carmen, católica devota, não aceitava o divórcio. Em 1948 Carmen engravida de David, mas sofre um aborto espontâneo depois de uma apresentação.

No início de agosto, Carmen gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e caiu, amparada por Durante. Na mesma noite, Carmen recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen foi para seu quarto onde um colapso cardíaco fulminante a derrubou. Era o dia 5 de agosto. Tinha 46 anos.

Em 12 de agosto de 1955 seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. 60 mil pessoas compareceram ao velório, realizado no saguão da Câmara Municipal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, 'Taí".

No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro (capital do Brasil na época) Francisco Negrão de Lima assinou decreto que criava o Museu Carmen Miranda, inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.
 
As biografias em geral, têm base no livro "O ABC de Carmen Miranda",
de Dulce Damasceno de Brito
Companhia Editora Nacional, 1986
 
Créditos das imagens e bases dos textos:
 
Letras de alguns de seus sucessos
 
Alô... alô? (André Filho)

Alô, alô, responde
Se gostas mesmo de mim de verdade
Alô, alô, responde
Responde com toda sinceridade
Alô, alô, responde
Se gostas de mim de verdade
Se não respondes
O meu coração é lágrima
Desesperado vai dizendo
Alô, alô
Ai se eu tivesse a certeza
Desse seu amor
A minha vida seria
Seria um rosário em flor
Responde então

Alô, alô
Continuas a não responder
E o telefone
Cada vez chamando mais
É sempre assim
Não consigo ligação meu bem
Indiferente não se importa
Com os meus ais

Adeus batucada (Sinval Silva)

Adeus, adeus
Meu pandeiro de bamba
Tamborim de samba
Já é de madrugada
Vou-me embora chorando
com meu coração sorrindo
E vou deixar todo mundo
Valorizando a batucada

Em criança com o samba eu vivia sonhando
Acordava, estava tristonha chorando
Jóia que se perde no mar só se encontra no fundo
Samba mocidade
Sambando se goza nesse mundo
E do meu grande amor sempre me despedi sambando
Mas da batucada agora eu despeço chorando
E trago no peito esta lágrima sentida
Adeus batucada, adeus batucada
Querida

O que é que a baiana tem? (Dorival Caymmi)

O Que é que a baiana tem?
O Que é que a baiana tem?

Tem torço de seda, tem!
Tem brincos de ouro tem!
Corrente de ouro tem!
Tem pano-da-costa, tem!
Sandália enfeitada, tem!
Tem graça como ninguém
Como ela requebra bem!

Quando você se requebrar
Caia por cima de mim
Caia por cima de mim
Caia por cima de mim

O Que é que a baiana tem?
O Que é que a baiana tem?
O Que é que a baiana tem?
O Que é que a baiana tem?

Tem torço de seda, tem!
Tem brincos de ouro tem!
Corrente de ouro tem!
Tem pano-da-costa, tem!
Sandália enfeitada, tem!
Só vai no Bonfim quem tem
(O Que é que a baiana tem?)
Só vai no Bonfim quem tem
Só vai no Bonfim quem tem

Um rosário de ouro, uma bolota assim
Quem não tem balagandãs não vai no Bonfim
(Oi, não vai no Bonfim)
(Oi, não vai no Bonfim)

Pesquisa, montagem e formatação

reginaLU

Apenas uma homenagem...


          


 

 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 





 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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